sábado, 18 de dezembro de 2010

outro dia, tem um tempinho já, estava indo para a filmoteca de manhã (por acaso estava indo sozinha, apesar de na época sasha e rodrigo ainda morarem comigo - eles estavam passando uns dias no laboratório da filmo, que fica em outro lugar mais longe). então eu tava indo, tinha dormido bem. passei do lado de uma obra, na verdade do lado de um caminhão que estava do lado da obra, e simplesmente me cai uma pedra na cabeça! fiquei meio mareada na hora, chorei, mas vi que não tinha cortado a cabeça. então segui para a filmoteca, onde chorei mais, tomei um remédio pra dor de cabeça e o mariano, que é maravilhoso, pegou gelo pra eu colocar na cabeça e me levou ao médico no ministério de cultura. todos me perguntavam se a pedra era grande e eu não faço idéia, sei que era pesada e dolorida e que fez um galo instantâneo (que melhorou muito depois do gelo). ficou tudo bem - a médica disse que era pra eu observar por uma semana se não tinha: cegueira instantânea (de 1 ou 2 olhos), surdez instantânea (de 1 ou 2 ouvidos), dor de cabeça insuportável do nada, vômito, esse tipo de coisa - não tive nada disso. mas foi bem assustador perceber que uma pedra pode cair na sua cabeça, assim, simplesmente - agora fujo de obra que nem capeta foge da cruz.
ontem quando fui para o trabalho (são 5 minutos caminhando até a filmoteca) estava -5ºC. e (com 4 camadas de roupa) estava bem suportável.

domingo, 5 de dezembro de 2010

é natal

não sabia que existia de verdade esse "clima natalino" tipo esqueceram de mim em algum lugar do mundo. fim-de-semana passado saímos para dar uma volta e encontramos uma feira natalina, muito bonita, com um carrossel lindo, cheio de espelhos. todos estão comprando presentes de natal e toca música natalina na rua.
ontem saí com a sasha e o rodrigo (meus companheiros de "piso" - por pouco tempo, rodrigo vai embora amanhã e sasha dia 9) para visitar o palácio real e o templo de debod e quando voltamos já havia escurecido. simplesmente as ruas do centro de madri estavam tipo rio de janeiro no carnaval. muuuita gente na rua, alguns com chapéus de papai noel, adornos de natal, esse tipo de coisa. assustador. perguntei pra a sonia, nossa amiga espanhola, se vai ser sempre assim e ela respondeu: "só até o fim do ano". jesus!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

hoje 12:30 voltamos da reunião sobre as bases de dados da filmoteca e a nossa (ctav) e...
estava NEVANDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

alcalá de henares, ontem

picnic na plaza cervantes


vista da praça

casa natal de cervantes (museu casa natal de cervantes)


aqui nasceu miguel de cervantes saavedra. o manco são, o famoso todo, o escritor alegre, o regozijo das musas.

foto sem foco, mas ilustrativa, hehehehe

 à noite nós fomos assistir à apresentação (que tem todos os anos) de don juan tenorio, dentro das muralhas da cidade. tava muito legal, mas tava um frio da porra e começou a chuviscar (!). sasha quis ir embora para nao se "enfermar", então não conseguimos acabar de ver. de qualquer forma teríamos que voltar daí a pouco para não perder o último trem para madri (a cidade fica a uma meia hora de trem).
na volta, falei a sonia que meus pés tavam congelando e ela falou: "aqui temos uma expressão que é: 'não sei de quem são esses pés'". hahahahaha. é, boa expressão.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

conversas com alfonso #2

- bom dia alfonso.
- bom dia. posso quebrar seu braço?
- q

conversas com alfonso #1

- bom dia, alfonso.
- bom dia, menina. que tal pordenone?
- bem!
- pegaste alguém???
- COF COF COF não!!
- você ainda tem muitas coisas a aprender aqui.

conversas em pordenone #2

(...)
 - e o cinema francês contemporâneo? nao gosta de nada?
 - hmmm... acho que tem coisas boas, mas nada me empolga tanto... tenho esperança nesse garoto, xavier dolan, sabe?
 - sim, vi o primeiro filme dele. não gostei, apesar de ficar curiosa pra ver outras coisas que ele faça. gosto do a esquiva, você não gosta?
 - errr... gosto, é um ótimo filme! mas tenho que confessar que, como professora de literatura francesa, a forma como eles falam a língua me dá agonia, estão destruindo a língua française. eu não queria escutar aquilo.
- really?
- i know, i know. na vida real eles também falam assim.

conversas em pordenone #1

- olá, tudo bem? (falando baixo) queria te perguntar uma coisa. o banheiro meu quarto [no hotel em pordenone] tem um cheiro meio estranho. você por acaso sentiu o mesmo no seu?
- não... de repente é bom pedir pra trocar de quarto, né?
- é... não sei... não queria pedir pra trocar, porque meu quarto é tão silencioso... é do lado do elevador - e as pessoas não costumam fazer festas no elevador... hihihihi. tenho medo de mudar e cair num quarto barulhento, por exemplo do lado dos brasileiros.
- (cara de não-sei-que-cara-faço-agora-será-que-é-pra-rir)...
- e você? é italiana?
- não, brasileira!
- OH MY GOD. I can not belive it. What a gaffe. Do you know what does it mean?
- Hehehehe, sim! Tá tranks, muié!

verraco

- rodrigo, viu sobre ÁVILA na wikipedia? além das muralhas medievais tem umas paradas pré-históricas.
- quê? como assim? que paradas?
- uns bichos de pedra que têm um nome esquisito. algo com v, c e r.
- tá de brinks.

(10 horas depois de passar o dia andando a cidade toda e comendo yemas de ávila):

- caô esse negócio de bicho pré-histórico. tava viajando.
- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
- que foi???????????
- UM BICHO PRE-HISTORICO DE PEDRA, PORRAAAAAAAAAAAAA

horários das refeições

08:00 desauyno #1
11:30 desayuno #2 (com direito a "bocadillo de bacon", rodrigo que o diga)
14:30 almuerzo ("comida")
18:00 merienda
21:30 cena

:O

doré

o cine doré é o cinema da filmoteca española. fica pertinho, a menos de 5 minutos andando. é lindo, como podem ver abaixo, e tem uma programação ótima, com cópias muito boas sempre (ou quase sempre - todas que eu vi até agora estavam ótimas) e, o mais impressionante para mim, sessões sempre cheias. é interessante que eles sempre põem um "aviso de estado de cópias", que diz como a cópia tá, em que formato é e tal, ou seja, são honestos com o espectador.
o cinema fica no centro de madri, na calle de santa isabel. tenho ido muito lá - outro dia nos perguntaram o que a gente faz quando não tá trabalhando e eu disse: "vamos ao doré". "e fora isso?". "hum, nada, vamos ao doré todos os dias". hahahahaha.


fachada do cine doré - nesse dia passava funny face


cine doré por dentro (ou parte disso)


aviso de estado de cópias

eu e as outras bolsistas iberoamérica (a mesma bolsa do rodrigo) da filmoteca, na pracinha do museu reina sofía, onde tem um refeitório em que podemos comer por 6,50 euros por sermos de instituição do ministerio de cultura. a refeição é: primeiro prato, segundo prato, sobremesa, bebida e pão.
na foto, da esquerda pra a direita: sasha (colômbia), eu, maria (bolívia) e carolina (argentina).
ontem pela manhã, quando fui para o trabalho (caminhando, uns 20 minutos a meia hora) estava 3ºC.

pordenone

depois de me instalar, viajei para pordenone, na itália, para a "giornate de cinema muto". lá encontrei o já citado rodrigo, mateus (amigo do rio e de trabalho), lila (amiga de são paulo) e carlos roberto (cinemateca brasileira de são paulo). conhecemos um monte de gente também, inclusive uma argentina com sotaque americano (vive lá há 10 anos) que ficava tentando falar coisas em português, muito engraçada.
tinha filme o dia inteiro (das 8 e meia da manhã até depois da meia-noite), então geralmente você tinha que escolher ver filmes, dormir, comer ou viver - quase sempre escolhíamos a primeira opção.
pordenone é uma cidadezinha muito bonita e fica perto de veneza - apesar de estar tão perto, não consegui nem ver a cara de veneza (ridículo: fiquei do outro lado do avião ao descer - e ao subir não se vê bem). mas foi bom conhecer pordenone (e treinar o italiano que não tenho, birra, grazzie, prego). foi o primeiro momento realmente feliz do mês, consegui relaxar e estar com amigos, sem o stress que estava sendo madrid, tendo que falar espanhol e esse tipo de coisa. vi muitos filmes bons, incluindo DRIFTERS, que eu nunca tinha visto, e ENCOURAÇADO POTEMKIM no cinema. todos os filmes tinham acompanhamento musical, e o festival tinha outros eventos paralelos, como palestras sobre música para filmes mudos, entre outros temas para freaks como nós.

(lembrei agora do igor, meu primo, achando muito estranho existir um festival de cinema mudo, quando fiquei na sua casa em são paulo para ir à jornada do cinema silencioso - hahahaha, pois é, primo, fui até a itália pra isso).

pontos negativos do festival:
- passaram alguns filmes em formato diferente do original. o imperdoável foi a sessão de abertura com buster keaton en digibeta.
- a tela do teatro verdi, onde aconteceram todas as sessões do festival, tinha um veludo vermelho em cima que fazia uma espécia de sombra vermelha sobre a tela, que fazia com que os filmes parecessem tingidos ou manchados. não é um detalhe, incomodava bastante. num festival tão bem cuidado, é uma pena.

fora isso, foi tudo mara.

 mateus e rodrigo. espere o verde. caminho do hotel para o cineteatro onde passavem os filmes.

pracinha pela qual a gente passava todo dia.

teatro verdi, onde todas as sessões de filmes aconteciam.


lila, carlos roberto e eu tomando um "spritz".

 auto-explicativo :P
chegamos na segunda-feira e, no dia seguinte, fomos visitar a filmoteca, para dar um alô e ver se precisávamos fazer alguma coisa em relação a papéis e esse tipo de coisa. chegamos, nos identificamos e simplesmente as pessoas pararam de fazer tudo o que estavam fazendo e começaram a mostrar a filmoteca pra a gente e a explicar o que cada área fazia, esse tipo de coisa, fazendo um tour pelo prédio. achamos tudo muito estranho, tipo que simpatia é essa? de repente ouvimos uma voz e alguém diz: "o alfonso tá aí". QUÊ? o alfonso tava lá, alfonso del amo, tipo o provável cara mais foda do mundo na nossa área. FOMOS LÁ. ele nos contou uma história muito engraçada sobre putas em pordenone (pra onde viajaríamos logo depois) e depois fomos embora.
quando chegamos do lado de fora um olhou pro outro com caras de quem não entendia o que tinha acabado de acontecer e o rodrigo resumiu tudo:

- tou exausto, minha vontade é dormir!

foi muito estressante, por conhecer todas aquelas pessoas (e por conhecer as pessoas das quais sempre ouvimos falar), ter que tentar desesperadamente ENTENDER o que eles falavam e ainda por cima ter que FALAR com eles. mas foi muito, muito surpreendentemente acolhedor e simpático.
o rodrigo implicou com a encarni só porque ela perguntou pra ele: "como te llamas?" e ele (num misto de não entender e nervosismo) respondeu "no". ela, sendo muito espanhola: "sí, te llamas". hahahahahaha
os primeiros dias foram exaustivos por esse tipo de coisa, por ter que queimar a mufa para entender o que eles falavam e, pior, falar espanhol (pior ainda quando é ao telefone, para marcar coisas burocráticas da renovação do visto e tal). depois de uns dias eu consegui relaxar, o que não significa entender. um dia fui para um bar com as outras bolsistas da filmoteca e estava muito barulhento e elas estavam falando muito rápido entre si e eu simplesmente IGNOREI. hahahaha, um grande avanço. que bom é conseguir ignorar.

agora obviamente já estou entendendo bem melhor e falando um pouco. às vezes dá curto. outro dia tava na sala de trabalho, saí para ver uma coisa na moviola e quando voltei falei com minha supervisora em português, até perceber, muitas palavras depois, o que tava fazendo. ela riu muito.
pouco sono + stress de acabar de chegar + frio = resfriado

ayres + vitamina c + cama + casaco quentinho + cachecol da silvia = melhora de resfriado
quando cheguei e encarei madri frente a frente não vi o meu rosto. pode ser porque narciso acha feio o que não é espelho, mas lembro de quando cheguei a lisboa e senti aquela sensação - maravilhosa - de estar EM CASA, mesmo com todo o medo. não me senti em casa em madri e não sei por que - já ensaiei algumas respostas, como por exemplo o fato de não falar espanhol prejudicar a sua identificação com um lugar, mas acho que essa identificação é muito mais de outra ordem, tipo empatia imediata.
mas pode ser, sim, que a responsabilidade de ir pra a filmoteca tenha me deixado um pouco acuada e estressada e que isso tenha me atrapalhado a gostar de madri. agora, quase 1 mês depois de chegar, a coisa pra mim já parece diferente e já gosto bastante daqui. talvez nem sempre seja necessário amor à primeira vista com as cidades também. "a ver".
cheguei a madri dia 27 de setembro, ou seja, amanhã completa 1 mês.

vim no mesmo dia do rodrigo (meu amigo do rio, colega de ctav e que também veio para uma bolsa, de 9 semanas, na filmoteca). meio que combinamos de nos encontrarmos nesse dia à noite. ele tinha meu endereço e eu o do albergue em que ele ficaria. dormi um pouco, porque não tinha dormido no voo, e quando acordei fui até o albergue para ver se ele estava. como não tem telefone nos quartos, não tinha como saber se ele estava lá. fiquei esperando um pouco na frente do albergue e depois de um tempo apareceu quem? rodrigo. tinha ido até a minha casa me procurar. desencontro engraçado, e o mais estranho foi termos conseguido nos encontrar mesmo no nosso primeiro dia em madri, sem telefone nem nada. fomos a um restaurante asturiano para comer e pedimos praticamente a única coisa que entendemos no cardápio ("pollo", ou seja, frango). há poucos dias voltamos no mesmo restaurante e foi emocionante ler o cardápio e saber o que é quase tudo.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

filmoteca



fachada da sede da filmoteca (onde estou trabalhando) e "ambiente descontraído" lá dentro: uma porta e uma pasta no setor de catalogação de filmes

para começar

vim para madri com uma bolsa paga pelo governo espanhol, específica para "patrimônio cultural". são 15 bolsas como a minha por ano, em instituições culturais como museus, biliotecas e arquivos. eu estou na filmoteca española, onde trabalharei com uma coleção específica de filmes (coleção tramullas), que aliás é a continuação do trabalho que tem sido feito por bolsistas nos 3 ou 4 anos anteriores. a bolsa é de 9 meses, tendo tido início em outubro (vai, portanto, até fim de junho). basicamente, o trabalho é catalogar e inspecionar os diferentes materiais fílmicos (basicamente negativos e cópias, em nitrato, acetato e poliéster) dos filmes realizados por antonio tramullas nas décadas de 1910 e 1920 e planejar o que deve ser feito para gerar os materiais de conservação desses títulos (internegativos e interpositivos).
quando me perguntavam o que eu viria fazer aqui não sabia muito bem como responder, porque é uma bolsa mas não é exatamente um estágio, nem um curso. é uma "estância", um tempo que você passa numa insituição para fazer um trabalho específico. bem, espero que essa introdução seja mais esclarecedora que confusa. 

em madri

faço este blog para tentar enviar notícias à minha família e aos meus amigos - já vi que escrever emails, por exemplo, tem sido complicado, além de ser ruim para enviar fotos porque lota a caixa de todos. assim espero conseguir enviar notícias por aqui, além de fotos dos meus dias em madri (e em outros lugares também, por que não?).
então, ¡bienvenidos!

(sim, eu tenho um teclado espanhol).